sábado, 4 de agosto de 2018

Resistência de mulheres negras artistas foi debatida no primeiro Encontro da Oralidade com Mãe Ilza Mukalê

À esquerda, Marcela Bonfim; Mãe Ilza Mukalê e Cynthia de Cássia Barra

O primeiro Encontro da Oralidade do projeto Mãe Ilza Mukalê foi realizado nessa sexta-feira, dia 3, no Terreiro de Matamba Tombenci Neto, em Ilhéus. Com a presença da fotógrafa Marcela Bonfim, o público debateu sobre arte e ativismo de mulheres negras e o impacto do racismo de quem está na base da pirâmide social.
Abrindo o evento, Mãe Ilza falou sobre a sua infância, de quando mulheres negras e pobres sofriam com o racismo e a intolerância religiosa e contou como sua saudosa mãe, Dona Roxa, cuidava dessas mulheres. “Com ela aprendi que, apesar de tudo, as mulheres devem sempre erguer a cabeça e não deixar se abater com os problemas” disse Mãe Ilza emocionada.
Marcela Bonfim, economista, fotógrafa e especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública, contou sobre sua autodescoberta como mulher negra, que era contra as cotas raciais, até o momento em que foi pesquisar a própria história e entender o impacto do racismo em sua vida e como a fotografia a ajudou nesse processo.
"Por que o negro no Brasil precisa aprender a ser negro no Brasil? Porque falta referência e hoje estou aqui com esta referência, que é Mãe Ilza" disse Marcela, que completou explicando que se interessou pela própria história há pouco tempo. "Tenho seis anos de interesse por mim e pela minha história, os outros anos apenas foram passando”, expôs emocionada.
A artista Eloah Monteiro, que emprestou suas canções para embalar o encontro, também falou sobre sua experiência como uma mulher negra artista ao dar prioridade a uma banda formada apenas com mulheres negras. "A gente não vai aceitar quem não é igual a gente. É uma forma de resistir.", destacou Eloah.
Eloah Monteiro

Mãe Ilza também falou sobre sua intimidade com a arte, que começou cedo, pois sempre participou de escolas de samba e, ao assumir o terreiro, permitiu ensaios de blocos afro e de outros grupos artísticos no espaço. Mãe Ilza falou sobre como gosta de compor, "tem muitas músicas compostas por mim, pois no candomblé a gente também compõe", explicou Mãe Ilza.
O evento contou com a presença de mulheres negras de destaque, como Joana Angélica Guimarães da Luz, reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), primeira mulher negra eleita reitora para assumir uma instituição federal no Brasil; Janete Lainha, primeira mulher negra a assumir a presidência do Conselho de Cultura de Ilhéus, além de diversas artistas, pesquisadoras e estudantes da área.
No centro, Joana Angélica Guimarães da Luz, reitora da UFSB

O projeto Mãe Ilza Mukalê
A terceira edição do projeto Mãe Ilza Mukalê (MIM III) é uma realização da Organização Gongombira de Cultura e Cidadania, com promoção do Estado da Bahia, e apoio do Teatro Popular de Ilhéus e UFSB.

As atividades do MIM III se estendem por todo mês de agosto e início de setembro. O próximo encontro será na próxima sexta-feira, dia 10, com o tema “Poéticas Negras Contemporâneas e Ancestralidade”, com as artistas Tereza Sá e Sanara Rocha, de Salvador.

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