A nova
montagem do Teatro Popular de Ilhéus (TPI), 1789, estreou oficialmente na
última terça-feira (02), e ficará em cartaz até o dia 27 deste mês. As sessões
acontecerão de quarta-feira a sábado, às 20 horas, na Tenda montada na Avenida
Soares Lopes. A ópera afro-rock instiga o público sobre a necessidade de uma
revolução de ideias e posturas, a partir do levante dos escravos do Engenho de
Santana, ocorrida entre 1789 e 1791. As entradas custam R$ 20 e R$ 10 e a
classificação indicativa é de 12 anos.
Além dos artistas do
TPI, a montagem conta com membros do Terreiro Matamba Tombenci Neto,
totalizando 20 pessoas em cena, revezando-se em diferentes papéis. Antes da
estreia oficial, houve uma avant-première para convidados na segunda-feira
(1º), com casa lotada. Um dos momentos de maior emoção é a participação de
Hilsa Rodrigues, matriarca da comunidade descendente dos escravos que
protagonizaram a revolta histórica. “É muito bom estar aqui com os jovens do
Teatro Popular de Ilhéus, aprendendo muito e falando sobre a valorização da
nossa cultura”, declarou Mãe Hilsa Mukalê
O enredo de 1789 começa em uma fábrica de processamento de cacau em uma fictícia Ilhéus de 2089. Os trabalhadores lutam para deixar de exportar a matéria-prima e produzir o próprio chocolate. A partir das discussões sobre a greve, começam os saltos temporais até o século XVIII, entre Brasil e Portugal. Os acontecimentos culminam na revolta, marcada por uma carta de reivindicações escrita pelos negros, demonstrando letramento numa época em que o analfabetismo imperava até entre brancos.
O dinamismo
do espetáculo passa a ideia de como a vida está em constante transformação,
através de novos sentimentos, projetos e lutas. Além dos recursos audiovisuais,
parte da estrutura cênica é construída pelos atores ao decorrer de cada quadro,
com 60 sacos recheados com serragem. Os figurinos foram confeccionados pelas
costureiras do Terreiro Matamba Tombenci Neto e a maquiagem realizada por Guto
Pacheco. A trilha sonora e direção musical são assinadas por Elielton Cabeça.
De acordo
com o autor e diretor da peça, Romualdo Lisboa, trazer ao público as
estratégias de sobrevivência dos ancestrais do Santana, permite o despertar de
um olhar mais crítico sobre as relações que são travadas hoje. “Um espetáculo
de teatro não é outra coisa senão um espelho. É diante deste espelho que
queremos colocar a sociedade”, explica Lisboa.
As pesquisas
históricas para 1789 foram orientadas pelo historiador doutor Marcelo Henrique
Dias, além dos debates com especialistas no projeto Improviso, Oxente!. O
espetáculo foi um dos contemplados pelo edital setorial de teatro do Fundo de
Cultura da Bahia. A produção é de Pawlo Cidade, através da entidade
sociocultural Associação Comunidade Tia Marita.
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