Na última sexta-feira, dia 17, foi encerrada a série de rodas de
conversas com Mãe Ilza Mukalê, os Encontros da Oralidade, promovidos pela
Organização Gongombira de Cultura e Cidadania durante o mês de agosto, com
diversas convidadas. Nessa última rodada, a convidada Carla Candace discutiu
sobre gênero, racismo e lesbofobia.
Com mediação da professora universitária Célia Regina da Silva, o
Terreiro de Matamba Tombenci Neto foi palco de uma discussão saudável sobre
como a mulher negra sofre com o racismo e o machismo e como essas opressões
moldam o ser humano. “A gente descobre que é negra ainda na infância, sempre
foi muito nítido que eu era negra, o ser mulher também”, destacou Carla.
Em relação à sua sexualidade, a convidada explicou como foi o momento de
descoberta e a luta para conseguir sair de uma relação tóxica e se assumir
lésbica: “ao sair de um relacionamento abusivo, entendi que eu era lésbica e
que não era bi, que eu me relacionaria afetivamente apenas com mulheres",
declarou.
Segundo a convidada, mulheres negras lésbicas possuem dificuldades para
participarem de movimentos sociais, pois "ser uma mulher negra é sofrer
violência dentro do movimento negro, que é extremamente machista, dentro do
movimento feminista, que é racista e dentro do movimento LGBT que é focado em
homens gays, na sigla G".
Além de relatar experiências pessoas, a convidada, que é bacharela em
Comunicação Social e documentarista, também falou sobre a baixa, praticamente
nula, representatividade de mulheres negras lésbicas na mídia. “No Brasil, não
há registro de mulheres lésbicas negras em telenovelas”, frisou a comunicóloga.
Por fim, Carla Candace questionou “até que ponto a gente está se
preocupando com as pessoas pretas LGBTs?”, ao se referir aos números de pessoas
negras que relatam casos de racismo e LGBTfobia dentro de diversos movimentos
sociais que não são apurados.
O evento foi encerrado com a Oruestra Afro Gongombira, que embalou a
noite com muita música. Os encontros fazem parte da terceira edição do projeto
Mãe Ilza Mukalê (MIM 3), que conta com promoção do Estado da Bahia e apoio da
Universidade Federal do Sul da Bahia e do Teatro Popular de Ilhéus.
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