Em 20 de junho de 2004, no
Alto da Conquista, em Ilhéus, nasceu a Organização Gongombira de Cultura e
Cidadania, instituição sem fins lucrativos ligada ao Terreiro Matamba Tombenci
Neto, um dos mais antigos e tradicionais de candomblé Angola na Bahia, que
desenvolve projetos nas áreas de arte, cultura e educação.
Fundada há 14 anos por
Marinho Rodrigues, Tata Kambomdo (Ogan) do terreiro, a instituição tem como
prioridade atender as necessidades e ofertar uma melhor formação
política-cultural para lideranças regionais do movimento negro e jovens em
situação de vulnerabilidade social na cidade.
A instituição trabalha, por
meio da execução de diversos projetos socioculturais, a preservação,
valorização e divulgação da cultura afro-brasileira, bem como a luta contra o
racismo e a discriminação social.
Cerca de mil jovens já foram
contemplados nos mais de 100 projetos desenvolvidos pela instituição até hoje. Alguns
que merecem destaque são: Festejos de Ogans (2010), Mãe Ilza Mukalê (2012 e
2014), Otambí (2010 e 2017) e Música e Dança: O Jeito Jovem de Fazer Política
(2017).
Além dos projetos
desenvolvidos, a entidade fundou e administra alguns espaços importantes, como
o Memorial Unzó Tombenci Neto, a Biblioteca Valentim A. Pereira – Ponto de
Leitura Tata Kandemburá e a Escola de Percussão e Dança Afro Ngomas.
A Gongombira também mantém
parcerias com outras organizações sociais e públicas do país e região, como a
Tenda Teatro Popular de Ilhéus, Bloco Afro Dilazenze, Universidade Federal do
Sul da Bahia, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro),
entre outras.
Ao longo desses 14 anos,
diversas pessoas trabalharam nos projetos e centenas de jovens foram
capacitados em oficinas e minicursos oferecidos pela Gongombira, como confecção
de bijuterias, capoeira, dança, percussão, fotografia, audiovisual, edição de
vídeos, entre tantos outros.
Marinho Rodrigues destaca a
importância de tornar os projetos acessíveis principalmente a jovens negros
moradores do Alto da Conquista. “Nossa instituição tem, também, como objetivo
manter os jovens longe das drogas e do crime e, assim, contribuir na formação
de adultos que irão cooperar na construção de uma sociedade mais justa para
todos”, completa.
Quem já teve a oportunidade
de contribuir em algum projeto, faz questão de ressaltar a importância de uma
instituição como a Gongombira na cidade. Edson Ramos, professor e gestor
cultural comenta que a organização em parceria com o terreiro “se estrutura com
ou sem a participação de políticas públicas para continuar esse trabalho de
reafirmação cultural pelos próximos séculos”.
Ana Cláudia Cruz, professora
universitária, destaca que uma das principais características da instituição é
“o comprometimento com a luta contra o racismo e com o desenvolvimento da
comunidade negra, com a transparência de suas ações e com o respeito aos
participantes”. Ana completa que os “diversos projetos e eventos produzem
reflexões, promovem o conhecimento, inspiram as pessoas, especialmente os
jovens, para o crescimento pessoal e coletivo”.
“Neste delicado momento em que vivemos, em que forças reacionárias e
racistas parecem ganhar força, a Gongombira é fundamental para a construção de
uma sociedade mais justa, diversificada e bonita”, evidencia Marcio Goldman,
professor universitário que já colaborou em diversos projetos da entidade.
A professora Raissa Santos
já participou de dois projetos e relata que “foram experiências ricas que ficaram
marcadas na minha construção”. Ela ainda destaca como se reconectou com sua
ancestralidade ao “fortalecer a conexão com minhas raízes africanas e
conhecê-las um pouco mais”.
Para a dançarina e artesã
Fabrine Ferreira, que teve a oportunidade de participar de uma oficina de dança
afro, sua experiência foi enriquecedora. “A oficina de dança afro da qual
participei, agregou ainda mais na minha carreira de dançarina, me fez
ressignificar os movimentos, a técnica, me fazendo mergulhar na dança”.
Seguindo o calendário de
atividades da Organização Gongombira de Cultura e Cidadania, em agosto será
realizada a terceira edição do projeto Mãe Ilza Mukalê (MIM III), contemplado
no edital da Década Afrodescendente da Secretaria de Promoção da Igualdade
Racial (Sepromi). Em breve, as inscrições gratuitas estarão disponíveis.
Acompanhe as atividades da
organização:
Facebook e Instagram:
@gongombira.ong
E-mail:
gongombira@yahoo.com.b
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